Hoje não tem poesia, não tem música, nem melodia. Hoje não tem criança nas ruas a brincar, não tem gente a dançar e nem alegria. Hoje eu só quero curtir o silêncio que fica após a morte de alguém querido.
Estranho é, quando o alguém é você, que você sente que tudo escorre pelos dedos, que você se sente como um espelho que caiu no chão e ainda foi pisado. E quando você veste o luto de si mesmo, assume uma mortalha que te mata ainda mais. E devagar vai morrendo, vai deixando de ser... E eu não quero morrer, não pra sempre, mas preciso me partir e quebrar, sangrar até o fim, preciso chorar até secar!
Preciso morrer, para reviver, para ser um eu novo, com cara de velho... Preciso mudar, e ser igual. Terei de passar pelo luto, para matar em mim, o que me mata para o mundo, devagar e em silêncio... Hoje vou curtir o luto, não vou festejar, vou tentar me entender, aceitar o que mudou.
Sinto a vontade de cantar um réquiem, e deixar a tristeza me envolver, de deixar morrer tudo aquilo que envenena, e tentar expurgar o lado ruim. Quero uma nova identidade, um novo nome, uma nova vida.
E hoje vou morrer, e enlutar, para amanhã ver as cores voltarem e dançar com as crianças nas ruas e festejar o nascimento de um novo ser. EU.
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